Ela/Ele

Era apenas mais um dia comum, a mesma coisa de sempre, aquela velha rotina a ser vivida, todos os dias, foi então que ela se deu conta de que os sentimentos já não estavam tão acertados assim, havia algo de errado, algo nele que a deixava intrigada, aquele olhar meio murcho pairando em seu rosto. Analisava por horas e não conseguia decifrar aquele “nada” que ele repetia sem parar, com o mesmo rosto tristonho, talvez não fosse realmente nada, talvez fosse piração da cabeça dela, mas ela sabia que não estava errada, como deixar se enganar pelo homem que a amava? Era quase impossível, seus olhos eram o retrato da sua alma que a faziam saber toda vez o que passava com ele e aquela vez não poderia ser diferente. A noite já estava por vir e enquanto ele não voltava para casa, a pobre moça esperava-o sentada no sofá de frente para a lareira. Naquela noite fria nada mais a assombrava do que os sentimentos que a atormentavam, seria então o fim? Aceitaria o término de tudo sem ao menos saber o motivo?

E todos aqueles dias ao lado dele, passaram como um filme em sua cabeça (...) aquelas tardes chuvosas de sábado, enrolados numa coberta assistindo filme e se empanturrando de pipoca, as caminhadas ao redor do bosque, as compras sempre tão risonhas no supermercado e até mesmo as brigas idiotas por motivos mesquinhos a rodeavam, e aí, ela simplesmente chorou, por recusar a realidade que estava em sua frente, ela não queria o fim, ela queria o meio, queria continuar, afinal, havia tantos sonhos a serem realizados (...) e ali, deitada no sofá em meio aos prantos, adormeceu.

Um cheiro tão macio e agradável feito café a despertava, estava chovendo e frio lá fora, cada gota d’água que tocava no telhado arrepiava o mais sombrio dos medos que a assolava. Sem coragem para abrir os olhos, sentiu um beijo quente em sua testa, era ele, com um sorriso no rosto, consigo trazia uma bandeja repleta de guloseimas e ali, no meio de tantas coisas, ela viu, era um belo anel de noivado, seus olhos foram tomados pelas lágrimas e sem aguentar tamanha felicidade o abraçou, finalmente ela então percebeu que a preocupação dele, era do seu sim e só ali é que ela veio a entender que não se tratava do fim, mas sim de um novo começo.