Goodbye

Acordar, espreguiçar-se, abrir as janelas admirando o sol mais uma vez, fechar os olhos lentamente, esticar os braços, respirar fundo e sentir o vento bater no corpo inteiro e só então, perceber que a casa está tão vazia sem você por perto, ela esteve cheia durante esses anos todos. Sua caneca suja ainda está sob o criado-mudo esperando sua volta, o armário já não é o mesmo sem as suas roupas penduradas, o banheiro está sem o seu barbeador, a casa está sem tênis espalhados e eu sentada na cama olhando em volta tentando entender o motivo que te fez ir.

Você se foi e por mais que eu saiba disso é difícil acreditar, olho em todos os cantos e sinto como se você estivesse procurando por mim com aquele seu sorriso maravilhoso e seus olhos brilhando, caminho pela casa e num flashback nos vejo sentados no tapete da sala enquanto brincávamos de mímica. Os dias passados ao seu lado são frequentes em minhas lembranças, não há nada que eu faça que consiga parar de te sentir junto a mim. Eu antes tão organizada que te irritava tanto o fato de conseguir manter a casa sem nenhuma agulha fora do lugar e agora já não importa mais, tanto faz. 

Estou usando a sua camisa favorita – a única que não fora com você   seu cheiro está impregnado nela, o que me faz lembrar de todas as vezes em que me abraçava e por sorte ele também ficava grudado em mim. Não consigo tirar da minha memória o dia em que acordei com um pesadelo e com os olhos ainda meio apertados te procurei pela cama e não o encontrei, só havia um bilhete de adeus deixado logo abaixo do seu travesseiro. Desde então, os dias curtos e alegres se tornaram longos e tristes. Tento seguir com minha vida tranquila aceitando estar longe de você, mas a verdade é que você deixou um buraco imenso em meu peito que embora esteja cicatrizando, ainda dói. 

Vou pelo mesmo caminho todos os dias ao trabalho e ao contrário de antes, você não me acompanha mais e converso com o vento para espantar a solidão e tentar driblar a sua ausência que me assola dia e noite. Anoitece e aquela sua clássica pergunta do que iríamos comer a noite ecoa sobre minha cabeça. 

O telefone não vai tocar, ninguém vai ligar. O visor não aponta uma mensagem recebida ou uma chamada perdida. O e-mail está igual desde o último f5 dado há 25 segundos. A televisão é a minha única saída dos últimos 30 dias. Meu sonho com você se tornou apenas uma ilusão. Nossa música passou a tocar todos os dias na rádio e sem coragem para desligá-lo, escuto-a aos prantos. Não recebi nenhum sinal de vida seu desde que se foi. A porta não vai abrir anunciando a sua chegada. Amanheceu dia claro, o café  –  quase sem açúcar, aquele seu preferido  –  está frio, o chuveiro está desligado e você nunca esteve aqui.

Inspiração: Rascal Flatts - What Hurts The Most 


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