A dor da perda

Após uma noite conturbada de sono, levantou-se e percebeu que aquele sorriso contagiante e abraço penetrante já não faria mais parte dos seus dias, a ausência dele causava um efeito enorme nela, era como se ele fosse a droga que ela precisava para ter forças e conseguir enfrentar mais um longo dia.

As horas se arrastavam e aquela velha dor no peito que a acompanhou por meses, voltara. Sentou-se na beira da cama e caiu aos prantos, lembrando-se de todos os momentos vividos juntos, de todos os risos compartilhados, de todos os abraços apertados que agora estavam apenas em sua memória.

Sabia que a vontade de estar ao seu lado não seria o suficiente para tê-lo novamente em seus braços, a ideia de deixar de vê-lo e carregar consigo todo aquele amor guardado doía de um modo que nunca antes havia doído, seu coração dilacerado pulsava forte, chamava seu nome, em vão.

Estava um lindo dia lá fora, mas ela sabia que dentro de si era um dos piores dias possíveis. Fechava os olhos e ali, mesmo estando distante, ela podia sentir seu cheiro, podia sentir o toque de suas mãos em sua pele, os lábios dele tão carnudos tocando os seus, o seu sorriso que a fazia esquecer de qualquer coisa ruim em sua vida agora estava apenas em sua mente.

A forma como ele olhava para ela atravessava sua alma e penetrava fundo seu ser, ela estava despida sem estar, talvez por isso ela soubesse que ele seria capaz de interpretá-la como ninguém antes nunca foi. Todos os seus muros construídos ao longo dos anos foram derrubados, ela estava ali, pela primeira vez em sua vida de mãos e coração livres, pois ela sabia que poderia confiar nele cegamente. Toda sua intensidade em sentir as coisas faziam com que ela não conseguisse deixá-lo ir, mesmo que aquilo já não estivesse mais em seu alcance.

Não conseguia entender como algo emocional fosse deixá-la com uma ferida tão aberta, tão vulnerável, a ponto de desejar tudo, menos sentir aquilo. Toda sua vida estava em seu controle, sempre com seus planos A, B, C, para caso algo desse errado, ela soubesse exatamente para onde ir, mas sobre ele, ela não possuía controle algum, era seu maior ponto fraco, fugia completamente, escorregava pelas suas mãos e de tanto tentar puxá-lo, sangrava ainda mais. Ela sabia que deixar de segurá-lo em sua vida causaria tanto dano dentro de si que já não conseguia aferir, mesmo se quisesse.

Talvez ele não soubesse que mesmo cheia de marcas e cicatrizes, ele ocupava nela o melhor e mais bonito lugar em seu coração.

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