Tive medo de você ir embora e você foi..

Este blog não é contínuo. As atualizações dele só são realizadas quando, por mais uma vez, meu coração está quebrado.

Sobre a carta nunca lida, sobre a história que mal chegou a ser escrita. Sobre como o medo de você ir embora te afastou. Essa é uma carta que eu não desejava que fosse lida, mas ela precisava ser lida. Talvez essa seja a coisa mais linda e sincera que você já leu em toda a sua vida:

Histórias de amor nem sempre tem o seu final feliz, algumas delas acabam em tragédias, outras em mágoas e outras o amor deixa de ser sentido.

Essa não é uma história clichê sobre o amor, é sobre a história de um gostar, que tinha tudo para se tornar amor. Tinha tudo para dar certo, mas deu tudo errado.

Em um certo momento confuso da minha vida, em que eu havia desistido de acreditar em sentimentos e relacionamentos amorosos, eu o conheci. Você estava ali, parado, como um contato que talvez poderia ser lembrado.

Eu me apaixonei por você, me apaixonei por você no momento em que te vi, me apaixonei pelo seu olhar que poderia iluminar um planeta inteiro, me apaixonei pelo seu sorriso contagiante, me apaixonei por uma história que sequer havia sido escrita, me apaixonei por todas as coisas bobas que você me fez sentir, desde borboletas em meu estômago até o coração acelerado. 

O seu abraço tão apertado e tão quentinho me protegia de todo o mal que o mundo podia me atingir e até mesmo do meu próprio mal.

Em seus braços, era como se todo o resto do mundo não existisse, era como se naquele momento, o único mundo que eu precisava era o seu, guardado dentro daquele abraço.

Mas como nem todas as histórias e amores foram feitos para ter seus finais felizes para sempre, essa não podia ser diferente.

Você optou por ir, por não continuar a escrever a história que ainda estava sendo escrita. Pode ser que não possa parecer, mas eu te entendo e respeito a sua escolha em ir, mas se eu pudesse, te colocaria em meus braços, agarraria para nunca mais soltar e só diria para ficar e não me deixar.

Eu sou errante, sou errada, na maioria das vezes a ansiedade fala mais alto do que eu gostaria que ela falasse. Nunca me acostumei com perdas, com pessoas entrando e saindo da minha vida. O medo tomou conta e se instalou. O desespero aproveitou e me desestabilizou por inteira. E nessa hora, eu só queria que você me lembrasse de respirar e ter mais calma, que as coisas se resolveriam.

Eu fui completamente humana, tanto quanto você um dia chegou a ser. O sangue que corre nas minhas veias não é o mesmo que corre nas suas, mas corre aí também. Quem nunca implorou para que alguém não fosse embora e permanecesse em sua vida? Quem nunca deixou que o medo da perda consumisse tanto a ponto de só ele falar? O medo nos consome nos habita desde que a gente é gente, por mais que nós é quem o controlamos, nem sempre tudo é possível.

Eu escolhi sumir por diversas vezes porque tive medo de assumir que eu estava me tornando vulnerável quando o assunto era você. Eu escolhi sumir porque era mais fácil estar longe do que admitir que você estava conseguindo me enxergar como eu realmente era. E aquilo era assustador. Me assustava como a minha alma já estava exposta pra você em tão pouco tempo.

Os meus medos foram reais, as minhas inconstâncias foram produtos originários do meu medo da sua partida, que poderia sequer não ter existido.

Eu não admiti que estava apaixonada por você porque tive medo de, de repente, tudo ir embora. porque é sempre assim que acontece comigo: eu aviso que meu coração finalmente cedeu e no outro dia nenhuma mensagem ou qualquer sinal da outra pessoa.

Eu demorei e fui inconstante com os meus sentimentos, com o que eu sentia, porque tive medo de você ir embora também, assim como todos os outros foram. De encontrar alguém que te ajude a escolher tatuagens melhor e ria das suas piadas malfeitas. Tive um medo irracional de você esbarrar em alguém que, pra além das piadas, todo o resto se encaixasse. E, eu sei, isso pode acontecer e não é sua culpa. Nem minha.

Demorei pra dizer que estava gostando de você porque queria me proteger e proteger toda a pessoa que construí depois de alguns fins: eu era uma fortaleza imbatível. Até que você veio, desconstruiu toda a minha armadura e me mostrou que a gente nunca tá pronto mesmo, pro-grande-momento. Esse grande momento não é anunciado, não é como nos filmes românticos em que os personagens fazem uma festa pra anunciar o gostar e há uma trilha sonora incrível por trás. Acontece naturalmente, quando você se pega rindo da bobagem que ela disse, quando você espera ansiosamente pela mensagem do outro, e de repente a intimidade que vocês criaram já tem um teor sagrado: ninguém mais tem você na palma das mãos como ele tem. Ninguém sabe tanto das suas crises e felicidades como ela. E, então, lá estão vocês, apaixonados, o olhar já entrega tudo.

Demorei pra dizer porque queria ter mais do que certeza. Queria sair de casa exatamente como saí hoje: querendo nunca mais sair de perto de você. 

Demorei pra dizer que estava apaixonada porque os outros me estraçalharam com expectativas gigantescas e cobranças desumanas, e com você sempre foi a leveza de quem só sabe. De quem só sente. De quem se sente confortável em estar perto. De quem tem a sensação de que se conhece há anos. De quem sabe que existe um gostar e que ele é honesto e real.

P.s.: Antes de você ir embora, deixa eu te pedir só mais uma coisa... Fica.

Comentários

Postagens mais visitadas